Susana Esteves

Susana Esteves

Jornalista e motociclista

OPINIÃO

O tamanho importa?

Esta é uma questão antiga para a qual (aparentemente) não há resposta que já fez correr muita tinta e continua a assombrar muitos egos. É certo que não costuma marcar presença no universo motard, mas pelo que já percebi a poética expressão “a minha é maior que a tua” parece dominar o espírito de muitos amantes das duas rodas.

andardemoto.pt @ 5-4-2017 20:45:00 - Susana Esteves

Por ter duas motas, uma “pequena” e uma “grande”, sinto na primeira pessoa a diferença gigante de comportamento e de tratamento que existe face aos dois modelos. Para muitos (infelizmente são muitos, felizmente não são todos), uma scooter não é uma mota. É um aspirador, uma trotineta, uma bicicleta com motor ou uma motinha. Por conseguinte, os condutores também não têm o direito de se considerar motards (como se atrevem!), sendo que neste caso não sei bem o que são. Como é que se chama uma pessoa que conduz um aspirador?

Tendo em conta o espaço tão insignificante que ocupamos neste organigrama feudal, não percebo por que é que alguns dos deuses do Olimpo montados nos seus puro-sangue 1200 com pedigree, de muitos, muitos cavalos, ficam tão chateados quando um aspirador lhes passa à frente no IC19, na marginal e em outros locais. Podia estar a exagerar, mas não estou. Se algumas destas expressões são ditas em tom de piada e de provocação, a verdade é que grande parte delas não é.


quando ando na minha mota “a sério” os outros cumprimentam-me e quando vou de scooter nem o tradicional cumprimento fazem

quando ando na minha mota “a sério” os outros cumprimentam-me e quando vou de scooter nem o tradicional cumprimento fazem

“É motard? Não. Tem uma scooterzita”. 

“Quando é que passas para uma mota a sério?” 

“A sério que é preciso tanta proteção e casacos caros para andares de scooter?” 

Sim, têm razão. Quando vamos ao chão com uma scooter fazemos um dói-dói, só quando caímos com uma mota “a sério” é que temos um acidente grave. 

A escolha de uma mota é um misto de paixão com utilidade. Se alguém passa o dia a circular dentro de uma cidade, não faz grande sentido ter uma mota potente, menos dinâmica e com consumos elevados. Da mesma forma, alguém que circula diariamente numa autoestrada não irá tendencialmente escolher uma scooter que não passa os 100km/h. Se eu que ando diariamente de scooter todo o ano, faça chuva, granizo ou vento não sou motard? Por que é que os meninos que só tiram a mota da garagem quando lá fora estão mais de 30 graus e a meteorologia assegura que não há probabilidade de pingos para esse dia já são grandes motards?

Por que é que quando ando na minha mota “a sério” os outros me cumprimentam e até falam comigo nos semáforos (que honra!) e quando vou de scooter nem o tradicional cumprimento fazem? 

Ser motard não tem nada a ver com as motas, com o tamanho, com a marca ou com a potência. Só com espírito de companheirismo, de entreajuda, de respeito, de liberdade, de aventura e de partilha de uma paixão que só alguns compreendem. Esses são os verdadeiros motards.

O tamanho importa? Claro que sim!

É o que nos distingue? Nunca!          

Boas curvas 

andardemoto.pt @ 5-4-2017 20:45:00 - Susana Esteves

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