Susana Esteves

Susana Esteves

Jornalista e motociclista

OPINIÃO

Falta-nos um “bocadinho assim”…

Quando a perna é curta, a altura não ajuda e a força também não é muita, as motas de grande cilindrada tendem a fugir rapidamente da nossa lista de opções. Este é um mundo feito para os mais altos, mas isso nunca travou os mais pequenos.

andardemoto.pt @ 16-6-2017 15:57:45 - Susana Esteves

Sou 100% defensora das mulheres! Afirmo com toda a convicção que conseguimos fazer tudo o que os homens fazem, odeio conversas machistas com necessidades de afirmação ou alimentadas por frustrações diversas, e irrito-me realmente com a velha conversa: “isto não é para meninas” ou “os meninos não fazem isto”.     

Dito isto, se há coisa que me faz comichão neste fantástico universo das motas é a natural associação das mulheres com as scooters (125, que mais do que isso elas podem magoar-se). Sim, porque isso das “gajas com grandes motões” é só para os calendários, wallpapers e publicações inspiradoras na internet.  Não tenho nada contra as fantásticas scooters 125, ou sequer contra as fotos de mulheres e de motas (porque realmente ficamos bem melhor que eles lá em cima), mas a verdade é que esta é uma tendência antiga à qual muitos ainda vivem agarrados.  

Vejo cada vez mais mulheres em cima de motas de todos os estilos e potências, e isso deixa-me feliz, mas há uma limitação à qual não podemos fugir que nos coloca numa posição mais complicada face aos homens: a nossa altura. Ainda que muitos homens se identifiquem com este cenário, infelizmente ganhamos por maioria absoluta esta batalha. E por muito que não me possa queixar com 1,70m, faltam-me muitos centímetros para alguns modelos que adoro.

A vontade manifestada pelas mulheres de “subirem” de cilindrada e de partirem para outros estilos de motas acaba sempre por ficar condicionada pela sua altura. Até as scooters que têm um banco mais largo se tornam complicadas de “gerir” para alguém com perna mais curta. 

- É possível andarmos com motas com mais de 150 e de 200 kg sem colocarmos os pés no chão? Sim, se calcularmos estrategicamente onde paramos e onde estacionamos. 

- É possível conduzirmos motas quando colocamos apenas a pontinha dos pés no chão? Claro que sim. As motas têm hoje um ótimo equilíbrio, no entanto basta uma travagem mais brusca ou qualquer outro movimento para a mota descair, e os 200kg equilibrados se transformarem rapidamente numa tonelada nas mãos de alguém com 1,60m.


A solução está em procurar fora das “máquinas da moda”. Existem alguns modelos de várias marcas que pelo seu estilo ou estética são mais baixos. É o caso das chamadas “costum”, das cafe racers, scramblers, ou mesmo de modelos naturalmente mais pequenos como a Honda MSX125. A Kawasaki  Vulcan S 2016, a nova Honda CMX500 Rebel,  as várias Ducati Scrambler,  a BMW R nine T e a G 650 GS, a Yamaha MT-03, a SR400 ou a XV950R, e alguns modelos da gama Modern Classics da Triumph são apenas alguns exemplos. Até nas tão procuradas Adventure existem modelos mais baixos e de grande maneabilidade. Vale a pena ainda recordar que muitas vezes é ainda possível rebaixar a suspensão, e desta forma a altura entre o chão e o assento fica ainda mais reduzida. Neste caso, lembrem-se apenas que isto vai ter impacto no descanso e que a mota vai ficar menos inclinada quando está estacionada. 

No final, é tudo uma questão de prática. O que no início pode parecer um modelo demasiado alto ou pesado, passados alguns quilómetros “é canja”. E se há coisa que as mulheres conseguem fazer bem é ajustar-se…mas sem saltos altos. Só confiança e segurança sempre em primeiro lugar.

Boas curvas

andardemoto.pt @ 16-6-2017 15:57:45 - Susana Esteves

Outros artigos de Susana Esteves:

Tinder do Asfalto: Como as motos são ímanes perfeitos para o coração (ou para os órgãos que quisermos)

Anda meio mundo a tentar lixar a vida a outro meio

Estacionamento para motociclos: um presente querido ou envenenado?

5 presentes para pedir ao Pai Natal

Motociclista moderno ou purista?

O belo som do alcatrão a rasgar a pele

Sem rumo…

E se pudéssemos calar toda a gente com a desculpa perfeita?

Guerra dos sexos

E se o Pai Natal largasse o trenó e fosse de moto?

Guerra, peixe e paralelos

Velha não! Vintage.

Velocidade máxima e chinelo no pé

Quando for grande vou ter…

Façam o que eu digo, não o que eu faço

E tudo o vento quase levou!

Fora da estrada e da minha zona de conforto

Telemóvel: perigo de morte

A irmandade do asfalto

Não vás às cegas que podes desiludir-te

Os motociclistas e a matemática

Quer a moto? Não vendo a mulheres!

Diz-me o que conduzes, dir-te-ei quem és

Viajante solitário

Uma mota partilha-se?

Perco a cabeça ou arrisco perder a cabeça?

Os estafetas das empresas de entregas são ninjas?

Com curvas ou sem curvas

Partida. Largada. Tudo a tirar o pó dos punhos!

Mitos, ditos e mexericos

Quatro patas em duas rodas

Equipamentos que não precisamos, mas que depois não podemos viver sem eles

Quer uma moto? Tire senha e aguarde a vez

Quem arrisca… às vezes petisca o que não quer

Mulheres motociclistas nas compras? Não há opções, não há vícios.

Amor sem idade

Automáticas: sim ou não?

Vendo, não vendo. Vendo, não vendo

Podia ter sido o dia perfeito… não fosse o raio da porca

Próxima paragem: (A definir)

Arrisco a multa ou arrisco o encosto?

A paixão pelas motos passa com a idade?

Motoclubes: esses antros de má vida

Cuidado!! Motociclos aumentam risco de sociabilidade

Quem corre por gosto…

Problemas na mota? Eis o manual de sobrevivência!

O vírus do motociclista virgem

Oitos: o bicho mau das aulas de condução

Proibição de andar de mota: como sobreviver à ressaca

A minha primeira vez

A melodia de um belo ronco

Filho de peixe não sabe nadar porque eu não quero!

Foge que é pendura!

Mota roubada, trancas à solta

Viagens longas de 125: há rabo que aguente?

Andar de mota: o lado menos sexy da coisa

Motociclista: esse bicho raro

Sexo, motores e pecado

Afinal somos grandes (mas só na altura de pagar)

Inverno em 2 rodas

As regras são para…

Inteligência ou mariquice?

Férias em duas rodas - Não negue à partida uma experiência que desconhece

Férias em duas rodas - Não negue à partida uma experiência que desconhece

Falta-nos um “bocadinho assim”…

Segurança ou liberdade?

Motoshow 2017: É pró menino e prá menina

O tamanho importa?


Clique aqui para ver mais sobre: Opiniões