Paulo Araújo

Paulo Araújo

Motociclista, jornalista e comentador desportivo

OPINIÃO

A questão da Honda Repsol

Mais do que trazer à Honda uma vitória inesperada, a primeira por um piloto sem ser Marc Márquez desde 2018, quando, ironicamente, também foi a LCR que venceu com Cal Crutchlow, o sucesso de Rins no Texas levanta questões interessantes.

andardemoto.pt @ 15-5-2023 18:53:57 - Paulo Araújo

São 5 anos, que não apagam o extraordinário recorde de Márquez no COTA, (vitórias consecutivas de 2013 a 2018, mais 2021) mas põem as coisas em perspetiva.

Para lá das estatísticas imediatas trazidas pela vitória de Rins, a segunda no Texas após bater Márquez na Suzuki em 2019, o sucesso do piloto catalão, que até então tinha ganho metade das suas últimas 6 corridas, coloca em foco a política de contratação da Honda, decerto também influenciada pela Repsol.

Agora, não há nada de errado na Repsol, uma empresa líder espanhola, querer dois pilotos espanhóis nas motos que financia. O problema é que estão porventura a repetir o erro cometido já há uns anos atrás com Jorge Lorenzo: deixar-se impressionar mais pelos títulos que pela capacidade do piloto propriamente dita.

Debrucemo-nos sobre os atuais pilotos Honda por um momento. A Honda tinha por onde escolher devido à situação algo artificial, que felizmente não ocorre todos os anos, de uma equipa e marca, a Suzuki, parar de competir, deixando dois pilotos espanhóis de topo apeados, Joan Mir e Alex Rins.

Aqui é que a porca torce o rabo... é que entre Joan Mir (1 vitória em MotoGP a caminho de um título algo fortuito, talvez mais devido à gestão da Suzuki por Davide Brivio, que o catapultou de seguida para a Formula 1, do que ao piloto) e Alex Rins (5 vitórias em MotoGP e uma capacidade de tirar coelhos da cartola que podia ser uma panaceia para os problemas da Honda, mas sem título de MotoGP) a Repsol deixou-se influenciar pela vaidade de poder dizer que tinha 2 pilotos campeões mundiais na equipa.

Resultado: Até agora, após Le Mans, Mir, 3 quedas e 5 pontos no Campeonato a caminho de 21º e Rins, pontos em todas as corridas anteriores, num total de 47, incluindo 2 pódios com uma vitória no Texas e nessa altura, 3º posto no campeonato a 17 pontos do líder.

Para não falar do facto de que o lugar na Repsol carrega com ele um salário de cerca de 3 milhões, e Rins na LCR deve ganhar cerca de metade.

Pode ser que isto se venha a equilibrar e Rins se tenha adaptado logo à exigente Honda, que exige ser guiada no limite e favorece o seu estilo de parecer prestes a cair a qualquer momento e Mir, mais cerebral, esteja ainda por se sentir à vontade na RCV.

Porém, também temos de levar em conta que a LCR não tem tudo o que a HRC tem, como Rins já tinha indicado em relação a atualizações para 2023.

Também temos de ter em conta que quer a Honda, quer a Repsol, tinham legitimas aspirações de ver Marc Márquez em forma de novo em 2023, por isso talvez o #2 não interessasse assim tanto... mas a MotoGP tem uma maneira de punir decisões tomadas por razões espúrias ou erradas, e esta de preferir Mir a Rins ainda poderá provar-se das mais desastrosas dos últimos anos...

andardemoto.pt @ 15-5-2023 18:53:57 - Paulo Araújo

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