
Paulo Araújo
Motociclista, jornalista e comentador desportivo
OPINIÃO
Mundial Superbike 2018 – Uma época à procura de maior equilíbrio
Se as medidas adotadas pela Dorna para equilibrar o Mundial de Superbike tiverem sucesso, poderemos estar no começo duma era de maior equilíbrio e competitividade....
andardemoto.pt @ 4-7-2018 23:58:00 - Paulo Araújo
Depois de
uma época de Superbike em 2017 na qual o Norte-Irlandês Jonathan Rea ganhou 16
mangas de 26 possíveis na Kawasaki, a caminho do seu terceiro título mundial
consecutivo, pisando o pódio em todas menos duas corridas, a organização do
Mundial de Superbike tinha de fazer alguma coisa para equalizar as forças em
campo e ajudar as restantes marcas envolvidas a tornar-se mais competitivas,
eventualmente até encorajando outras a ingressar no Mundial… Essa alguma coisa
foi um conjunto de medidas, algumas vindas já do ano passado, como um pacote
eletrónico comum a todas as motos, que comanda e regula o controlo de tração, controlos
anti-wheeling, ECU, etc.
Esta adoção permitiu a 2ª fase, para 2018: Através da possibilidade de alterar os parâmetros dessa eletrónica, limitar as marcas que exibissem claro domínio, para, ao ajudar as outras, de alguma forma tornar o plantel mais equilibrado… Primeiro a Kawasaki foi penalizada com 200 rpm no seu regime máximo – mas continuou a ganhar… até ao fim de semana de Laguna Seca, oito vitórias de Rea e 2 de Sykes (ou seja, vitória em 10 de 16 mangas) tinham mantido a Ninja ZX10R no topo do jogo, e dado mais uma porção de recordes a Rea, que entretanto excedeu o total de vitórias de Carl Fogarty, e está muito perto do recorde de “dobradinhas”, ou seja, vencer ambas as corridas de uma ronda. Isto, apesar do melhor que pilotos como Davies (2 vitórias e 10 pódios) ou Melandri (2 vitórias e 5 pódios) ou ainda V D Mark, (recém-chegado ao redil dos vencedores com 2 vitórias e 6 pódios) tinham conseguido.
A 2ª lufada de medidas equalizadoras aconteceu a partir de Donington, com a Honda, a BMW e a MV Agusta autorizadas a libertar mais 250 rpm aos seus regimes motor, que diga-se, não parece ter feito diferença nenhuma, provavelmente porque o problema não eram mais ou menos rotações, mas acertar o conjunto o suficiente para colocar a potência no chão da forma precisa no momento exato. A Yamaha queixava-se disso mesmo, e quando, pelos vistos, resolveu a equação… começou a ganhar corridas. Das outras, Camier na Honda, Baz na BMW e Torres na MV continuam em dificuldades, por vezes de entrar sequer no Top Ten… Em vez disso, as marcas que deram o salto foram como vimos a Yamaha, com Lowes e V D Mark a dividirem entre si 3 vitórias e 9 pódios, e mais recentemente (só desde a Checa) a Aprilia, onde Savadori vem prometendo, mas quem cumpriu agora, com um melhor resultado na RSV4 e nesta época, foi Eugene Laverty, terceiro nos EUA, batendo no processo, justamente V D Mark, Lowes, mas também Sykes e Fores.
Se é bem verdade que Melandri, passe a dobradinha na estreia de 2018 na Austrália, não tem estado no seu melhor, já Fores, na Ducati Panigale satélite da Barni, surpreende a cada corrida, com um segundo e seis resultados nos primeiros 4 a torná-lo de longe, o piloto independente de maior sucesso… e há ainda um jovem Michael Rinaldi a fazer maravilhas numa terceira moto oficial, destinada a só aparecer nas rondas europeias.
Tudo isto vem trazendo o interesse do Campeonato em alta, até porque há outros fatores de regozijo: Um é o jovem Turco Toprak Razgatlioglu, discípulo do agora afastado Kenan Sofuoglu, de quem herda o Nº 54 e a ferocidade em pista, que vem fazendo exibições espetaculares na Kawasaki muito privada da Pucetti, ficando mesmo segundo em Donington há algumas semanas, para o que teve de bater, desde logo, Rea, Davies e Sykes… numa moto privada! Era mesmo esta lufada de ar fresco que a Dorna, organizadores do Campeonato, esperava, para provar que as SBK estão longe de ser uma série dominada (só) pelas fábricas.
O outro fator de interesse, para nós, é que daqui a uma ronda, a 16 Setembro, o Campeonato visita Portugal. Vamos estar em Portimão a ver esta gente toda em pista, motores a rugir no nosso solo, ao vivo, e o espetáculo é sempre digno de apreciar… Já para não falar nas classes de apoio, com uma Supersport e Superstock muito animadas, e nas pequenas SSP300, onde as batalhas são de tirar o fôlego e até há a possibilidade de vermos uma mulher, Ana Carrasco (que venceu, justamente, pela primeira vez, em Portimão há um ano) tornar-se Campeã Mundial pela primeira vez na história!andardemoto.pt @ 4-7-2018 23:58:00 - Paulo Araújo
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