
Paulo Araújo
Motociclista, jornalista e comentador desportivo
OPINIÃO
As tribos motard
Durante anos, uma moto tinha, em essência, duas rodas, um
guiador, um selim e um depósito de gasolina, ou seja, ainda por se dividirem em
segmentos eram todas “naked” à partida. Quando as tribos motard começaram a surgir,
uns optaram por as equipar com malas, para facilitar as viagens, outros com
peças especiais como escapes e travões para melhorar o desempenho e outro ainda
com equipamento mais prático, para transportar compras ou equipamento.
andardemoto.pt @ 22-12-2023 12:08:23 - Paulo Araújo
Atrás vieram as modas e todo um estilo de vida associado a cada segmento. Durante anos, esse mercado era fornecido por numerosas pequenas marcas de acessórios, até os próprios fabricantes perceberem que estavam a perder uma oportunidade de, por um lado, se diferenciarem, e por outro, criarem mais–valias para a sua gama.
Assim, surgiram segmentos como as Tourers, equipadas de origem com malas e proteção aerodinâmica, as Custom, com guiadores mais altos e uma posição de condução relaxada, as desportivas, bebendo da cultura café racer com avanços mais baixos, selins minimalistas e travões e suspensões melhoradas, e até as scooters, para quem a leveza, capacidade de bagagem e acesso fácil à moto eram mais importantes que grandes cavalagens ou velocidades de ponta.
Os segmentos diferenciaram-se e especializaram-se de tal maneira que foi preciso voltar a criar um segmento “naked” para motos “normais”.
Houve marcas que se especializaram num ou outro segmento, por exemplo quando pensamos em Custom, pensamos imediatamente numa Harley-Davidson, e quando dizemos Piaggio, numa scooter.
As grandes marcas, claro, alargaram a sua presença no mercado oferecendo propostas em todos os segmentos, mas até estas ficaram mais conotadas com um segmento ou outro… Pensem Yamaha, e é mais natural que lhes venha à mente uma R1 azul escura cheia de eletrónica que uma Virago minimalista, pensem Ducati e uma Panigale vermelha vem mais facilmente à mente que um Cucciolo…
Como estas coisas são sempre cíclicas, e com muitos utentes a verem o lado prático da moto como transporte casa-trabalho diário, agora temos um bocado, com as chinesas, um retorno aos básicos, às nakeds, que entretanto beneficiaram também dos recentes avanços da tecnologia.
Uma “naked” básica de hoje tem melhores travões que uma desportiva dos anos 70 do século passado, melhores suspensões que uma MX do mesmo período e fiabilidade e economia com que essas podiam apenas sonhar… É só escolher e raramente seremos desiludidos!
Então, se as motos de hoje gastam e poluem menos, são mais baratas, duram mais e ocupam menos espaço, perguntamos nós, porque é que nestas discussões de mobilidade, ecologia e pegada de carbono a moto raramente aparece à frente da discussão? Dá que pensar!andardemoto.pt @ 22-12-2023 12:08:23 - Paulo Araújo
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