Paulo Araújo

Paulo Araújo

Motociclista, jornalista e comentador desportivo

OPINIÃO

A evolução da espécie

Cada vez mais difíceis de guiar, as MotoGP têm de equilibrar a evolução tecnológica com o espetáculo

O Grande Prémio de abertura da época de 2022 teve como constante o facto ter sido disputado no Qatar, no agora rebaptizado circuito de Lusail, mas pouco houve de previsível.

andardemoto.pt @ 10-3-2022 09:49:46 - Paulo Araújo

A marca esperada, a Ducati, veio a ganhar, mas não pela equipa oficial, nem na supostamente muito melhorada moto de 2022. Antes, uma versão do ano passado, se calhar pelas razões certas, por estar plenamente desenvolvida, ao contrário da versão deste ano. Mas nem por isso a vitória de Enea Bastianini, a estrear as novas cores da equipa da viúva de Fausto Gresini, foi menos surpreendente.

Quanto às outras marcas, Honda, Suzuki e Aprilia mostraram melhorias, mas não ganharam, e a KTM, que se esperava andasse em dificuldades, foi ao pódio e decerto teria as duas motos no Top 10, não fosse a queda de Miguel Oliveira. A Yamaha foi a única que reconheceu que iria estar limitada, pela falta de velocidade máxima e, de facto, um 9º lugar para o Campeão em título, Fabio Quartararo, soube a (muito) pouco.

E o mais estranho, mas explicável pela guerra invisível de bastidores entre a Dorna e a MSMA, é que homens como Martin ou Espargaró brilham numa única volta, nos treinos, e depois na corrida lutaramm nopelotão... É que a combinação de “shapeshifters” (os dispositivos de rebaixamento da moto, inventados pela Ducati e universalmente copiados pouco depois) aliados à aerodinâmica desenhada para comprimir a moto contra o chão, tornam as ultrapassagens num negócio perigoso e incerto.

Márquez disse que, quando se aproxima doutra moto por trás, a sua RC213V abana sob o efeito do “ar sujo” do cone de ar da moto à sua frente.

Bagnaia disse que uma das vantagens da Ducati de 2022 é reagir melhor a essas deslocações de ar imprevisíveis, que antes faziam a moto sacudir. Ora isso proporciona jogos de grupo essenciais e excitantes nas Moto3, a mais 120 Km/h, com os 370 km/h a espreitar nas vwlocidades máximas das MotoGP, torna-se um verdadeiro perigo.

A Dorna, sempre com a competitividade e o espectáculo em mente, quer banir esses dispositivos, mas ainda não conseguiu o acordo dos fabricantes... embora os próprios pilotos sejam, na vasta maioria, contra. Acontece que os pilotos são apenas empregados das fábricas, mesmo que ligeiramente, ou principescamente, mais bem remunerados que um operário sa linha de produção, e acabam por ter pouco voto na matéria...

Quando muito, a comissão de Grand Prix, que é composta pela Dorna, a FIM, a MSMA dos fabricantes e a IRTA, supostamente a associação das equipas, mas que hoje pouco mais é que um lacaio da Dorna, vai reunir consenso para 2023... e até lá?

Uma evolução que estraga a beleza da MotoGP e dificulta as ultrapassagens, que decidem e animam as corridas, não interessa a ninguém... nem uma corrida desenfreada às velocidades máximas, que obrigam os pilotos a travar mais no limite, a arriscar mais, e tornam uma simples ultrapassagem um complexo exercício de cálculo mental aliado à sorte e proeza física, sem querer tirar o mérito ao génio criativo de Gigi Dall’Igna, quanto mais depressa todos se puserem de acordo, melhor!

andardemoto.pt @ 10-3-2022 09:49:46 - Paulo Araújo

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