
Paulo Araújo
Motociclista, jornalista e comentador desportivo
OPINIÃO
As corridas de Clube em Inglaterra
Esta semana, lembrei-me de falar um bocadinho, sempre indo
buscar memórias do passado, da cena de corridas de Clube Inglesa, sem dúvida
uma das razões principais porque Inglaterra tem tantos e tão bons pilotos
Internacionais.
andardemoto.pt @ 19-7-2017 10:12:01 - Paulo Araújo
Num país democrático por excelência, como o Reino Unido, era lógico ter um sistema que permitisse a qualquer pessoa correr de moto, e continuar a fazê-lo se lhe agradasse, mas ao mesmo tempo permitisse aos mais talentosos, os verdadeiros pilotos do futuro, ascender rapidamente na carreira. Esse sistema é a gradação de licenças de competição: Novato, Restrita a Clube, Nacional e finalmente, Internacional.
Todos os pilotos provenientes de Reino Unido, e boa parte de estrangeiros que lá correram, passaram por um dos Clubes que organizam Campeonatos, divididos em Norte, Centro e Sul, tal a quantidade de pilotos, pistas e distâncias a viajar.
Para um piloto do Sul, por exemplo, fazer uma prova em Cadwell, lá muito ao Norte, teria de sair de casa no dia anterior, já que as verificações começam pontualmente pelas 7:30 da manhã, para aproveitar o dia e acomodar todas as classes, no nosso tempo, cerca de 18.
Segue que, na prática, se corre em pistas que podemos atingir com hora ou hora e meia de viagem. Assim, no Sul, ou em redor de Londres, há dois clubes principais, o KRC (Kent Racing Combine) que faz corridas em Brands Hatch e Lydden e o famoso BMCRC, British Motorcycle Racing Club, ou carinhosamente Bemsee, que usa Brands e Snetterton.
Ora, para passar de grau de licença, temos de competir com sucesso (não é ganhar, é não causar espalhafato ou quedas) em três circuitos diferentes, e aqui é que entra Brands Hatch nas suas duas configurações: O Circuito pequeno, ou Indy e o longo, ou GP, são considerados dois traçados diferentes, e muito bem, pois diferem enormemente em carácter, partilhando embora toda a zona do começo da reta da meta à parte de trás do “paddock”.
Uma Yamaha 250 LC que me dava trabalho bater no circuito curto na minha 350, desaparecia para trás nas longas retas de alta velocidade da versão longa, e assim por diante.
Ao longo das épocas, uma quantidade de portugueses correram nestes clubes, logo de caras, o Francisco Sande e Castro, o “outro” Paulo Araújo, Joe Domingues, João Saavedra, este com algum sucesso, e decerto estou a esquecer alguns.
Segue que, das regras de Clube, todos os pilotos que se vieram a distinguir partilharam estas pistas e estas grelhas e foi assim que corremos, no nosso tempo, com nomes como Damon Hill, depois Campeão de Formula 1, Terry Rymer, Graham Read, filho de Phil Read, Roland Brown que agora escreve algures, e muitos outros.
O talento individual encarregou-se de os salientar e projectar para outros campeonatos e o tempo fez o resto. A nós, resta as memórias e poder dizer que, um dia, partimos das mesmas grelhas que eles...
andardemoto.pt @ 19-7-2017 10:12:01 - Paulo Araújo
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