
Paulo Araújo
Motociclista, jornalista e comentador desportivo
OPINIÃO
Recordando momentos...
No geral, envelhecer é uma chatice... mas do lado positivo,
abarcar 30 ou 40 anos de memórias, e poder tê-las em conta quando falamos dos
acontecimentos dos nossos dias, ajuda a colocar as coisas em contexto.
andardemoto.pt @ 11-5-2017 13:31:02 - Paulo Araújo
Mão em mão com o reumático e a falta de paciência para
programas tipo casa dos segredos, há toda uma colecção de memórias, de
experiências e de ter lá estado quando coisas históricas estavam a acontecer,
sem que na altura nos déssemos conta que estávamos a testemunhar o começo de
algo que viria a tornar-se lendário...
Ainda no noutro dia, tive oportunidade de “rebentar a bolha”
aos Grandes Prémios modernos, recordando, na crónica "Quando menos era mais" dos tempos em que mais de 20 marcas e 70 pilotos disputavam a classe rainha.
Vem isto a propósito de conhecer, ou me lembrar de, vários empresários de sucesso do MotoGP actual, que já foram pilotos. O caso de Nieto, que detém o segundo maior palmarés de títulos mundiais com 13 (perdão, nunca digam tal coisa à sua frente! Foram 12 mais 1) títulos de velocidade, espalhados pelas 50cc e 125cc, atrás dos 15 títulos de Giacomo Agostini, ambos um pouco à frente de Valentino Rossi, que com 9 títulos e 38 anos de idade, já dificilmente ameaçará estes dois grandes senhores do motociclismo.
No contexto do recente GP de Espanha, porém, quem me veio mesmo à memória foi Jorge Martínez Salvadores "Aspar", dono da equipa do mesmo nome. Em 1997, o seu último ano no Mundial, Valentino Rossi sagrou-se, pela primeira vez, Campeão Mundial, na Aprilia.
Aspar, cuja alcunha provém da profissão do avô, "alpargatero", já com 35 anos de idade, seria sexto no Mundial desse mesmo ano, mas com uma ida ao pódio em Jerez, atrás de “Vale” e Ueda. Foi ainda segundo em Itália e 3º na Indonésia, a mostrar que estava longe de acabado.
O que me ficou na memória desse Jerez, mais que o resultado que, confesso, tive de ir verificar aos meus arquivos, foi a forma como ele o fez... de um arranque na molhada habitual, quando toda a grelha chega à traiçoeira curva 1 num espaço de 20 metros entre primeiro e último, “Aspar” veio de trás, para aí de 6º lugar, para chegar à frente em 2º, passando na travagem rivais que eram também alguns dos melhores pilotos do mundo.
Impressionante!
Seguidamente, Aspar veio a constituir a sua própria equipa, sedeada no Circuito de Valência, que entra no Mundial no ano de 2002, depois de vários títulos nacionais.
Hoje gere, só na MotoGP, Bautista e Abraham... que decerto cientes dos seus feitos e capacidades, o ouvem atentamente quando o Valenciano, detentor de 4 títulos mundiais, lhes dá o benefício da sua experiência...
andardemoto.pt @ 11-5-2017 13:31:02 - Paulo Araújo
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