Paulo Araújo
Motociclista, jornalista e comentador desportivo
OPINIÃO
Mundial Moto 3- Retrospectiva
Não temos aqui falado da classe mais pequena do Mundial de Velocidade, a Moto3, aquela em que justamente o nosso Miguel Oliveira já foi vice-Campeão há um par de épocas.
andardemoto.pt @ 1-11-2017 11:50:02 - Paulo Araújo
Mas importa falar da classe de Moto3 GP, porque dela hão-de vir, em grande parte os futuros pilotos de Moto2 e posteriormente de MotoGP (em grande parte, porque poucos pilotos excepcionais hão-de vir das SBK ou Supersport e menos ainda de campeonatos como o BSB Britânico ou AMA dos Estados Unidos).
Importa falar, mesmo a 1 corrida do final desta época, porque quanto mais não seja, em termos de espectáculo, continuam a ser corridas cheias de emoção, não raro com 5 ou 7 pilotos em posição de ganhar a corrida na última volta, por vezes até na última curva, enquanto que, nas classes superiores, raramente há mais de 2 em posição de o fazer.
Para 2017, o quadro estava delineado para à partida proporcionar uma época emocionante.
O Campeonato tem agora um programa exaustivo: 18 rondas em 5
continentes, sendo África, por ora, a excepção.
Os melhores da
classe, como o Campeão Brad Binder, Fabio Quartararo ou Andrea
Locatelli, tinham progredido para a Moto2, deixando as coisas mais
incertas; e havia pilotos que, com 2 ou 3 épocas de Moto3, estavam
prontos a dominar, se é que alguém alguma vez domina na Categoria mais
pequena... (Em 2015, Danny Kent pensou que sim, ao ganhar metade das
primeira 12 corridas, só para perder as últimas 6 para um Português que
venceu 4 delas, e ficou a 6 pontos de lhe roubar o Campeonato...)
Entre estes potenciais dominadores, contava-se Romano Fenati, Arón
Canet, Enia Bastianini, John McFee, Jorge Martin, Joan Mir, Andrea
Migno, Bulega, Guevara, enfim, o habitual complemento de Espanhóis e
Italianos jovens, rápidos e irreverentes que garantia, à partida, o
espectáculo de carenagens a roçar durante, e fatos marcados por pneus,
no fim das provas.
Joan Mir, nascido a 1 Setembro 1997 em Palma de Maiorca, aproveitou toda a experiência da credenciada Leopard Racing para vencer 10 corridas, mais de metade, revelando além disso uma consistência incrível. O único piloto a vencer várias vezes além do novo Campeão foi Fenati, que ganhou até agora 3 corridas. Quase podemos visualizar o sócio de Valentino Rossi na VR46, Uccio Salucci, a maldizer as discussões mesquinhas que levaram Fenati a afastar-se da equipa no ano anterior, só para acabar em grande este ano com o vice-campeonato.
Quanto a Mir, acabou TODAS as corridas, só não pontuou numa, no Japão, o que, com a excepção de Andrea Migno em 8º na KTM, o torna num caso único na grelha.
Porém, essa consistência não tirou interesse à
luta pela categoria, longe disso. É que Migno teve a maturidade de
calcular os seus ataques ao milímetro, por vezes ganhando por escassas décimas, como na corrida de abertura, por 0,315 segundo contra McPhee,
ou como na Malásia,
onde cortou a meta 0,724 s à frente de Jorge Martin.
Mir começou bem, vencendo no Quatar, e bisando logo a seguir na Argentina, duas pistas muito diferentes em natureza. Nos EUA, ganhou Fenati e Mir ficou apenas 8º, um dos seus piores resultados da época. Em França, ganhou uma corrida reduzida para 16 voltas depois dum acidente. Quando chegamos ao GP da Alemanha, a meio da época, Mir estava em grande forma, vencendo três provas de uma assentada, seguindo a vitória no Sachsenring com mais duas na República Checa e na Áustria.
A sua aparente incapacidade de fazer poles já lhe granjeou a alcunha de “homem de Domingo”, pois Joan leva o título sem ter feito, até Valência, nenhuma “pole”, impondo-se antes no dia da corrida com a manobra certa, no lugar certo. E isso, mais do que qualquer outra qualidade, foi o segredo do seu primeiro título Mundial aos 20 anos.
andardemoto.pt @ 1-11-2017 11:50:02 - Paulo Araújo
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